segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O som que embala o movimento neopentecostal



Por Danilo Souza

Rock, rapp, regaee, forró, e acredite, até pagode, esses são apenas um dos ritmos que têm embalado o novo pentecostalismo brasileiro na atualidade. Estilos musicais que, até então não eram bem visto pelas igrejas evangélicas tradicionais, mas que com o movimento neopentecostal tem sido aceito, seja pelas suas melodias, pela qualidade técnicas de seus músicos, enfim, conseguiram ganhar espaço em um ambiente nunca imaginado.

Crédito Internet.
Paralelo a essa revolução nas igrejas evangélicas, surge o que já é considerado por produtores musicais e estudiosos da área, como a grande responsável pela aceitação de outros estilos de musicas no meio evangélico, o Gospel Music.
O Gospel Music teve origem nos Estados Unidos, no ano de 1889, tendo como criador, o musico Thomas Dorsey, ao logo dos anos foi se aperfeiçoando e que se espalhou rapidamente por diversos países do mundo. Em seu livro, “Neopentecostais, Sociologia do Novo pentecostalismo no Brasil", o sociólogo Ricardo Mariano comenta: “Esse estilo musical tem como características peculiares, a criação de belas melodias, a perfeição em termos musicais e busca influenciar as pessoas que o escuta. Também é escrita e executada por muitos motivos, desde o prazer estético, como motivo religioso cerimonial, ou como um produto de entretenimento para o mercado comercial”. Ainda segundo Mariano, o principal objetivo da música gospel é o louvor e a adoração a Deus, Cristo ou o Espírito Santo: “O Gospel Music surgiu unicamente com finalidade de louvar e adorar ao Senhor Jesus”, afirma o sociologo.


O gospel no Brasil

No Brasil, a música gospel chegou na década de 1980, com a criação da Igreja Renascer Em Cristo, sendo o casal Hernandez, fundadores dessa denominação, os grandes responsáveis divulgação no país. Ainda no livro, “Neopentecostais, Sociologia do Novo pentecostalismo no Brasil”, o sociólogo Ricardo Mariano comenta: “Eles promovem grandes festivais, shows evangelísticos, e por eles encabeçarem a música gospel, esse estilo musical ocupa extensa parte em sua programação no rádio e TV”, diz. Apesar de os Hernanndez terem trazido o Gospel Mausic para o país, o movimento não se restrigiu só na igreja deles.
Dados da industria fonográfica brasileira apontaram que em 2012, a música gospel teve um crescimento além da média, com os valores chegando há R$ 12 bilhões de reais é recorde para o setor. Para o músico e produtor gospel, Tiago Silva esse crescimento é fruto de um trabalho árduo dos artista e gravadoras. “Nós no meio gospel estamos investindo pesado, principalmente na qualidade do som e as gravadoras têm comprado a idéia, o resultado de 2012 é uma resposta positiva do setor”, comenta o produtor.

Crédito: Intenert.

Hoje, no Brasil existem diversos artistas no meio que evangélico não deixam a desejar nada em relação aos seculares. O termo secular faz referência aos artistas que não fazem parte de nenhuma denominação cristã. Uma prova evidente desse fato, é cantora Aline Barros, que em 2012, faturou o Grammy Latino, na categoria de melhor álbum Cristão de Lingua Portuguesa. Outro cantor que pode ser considerado um fenômeno de vendas é o ex- integrante da banda Jota Quest, Thalles Roberto. Suas canções são as mais executadas nas rádios gospel de todo o Brasil, e em seu mais novo cd, que tem por titulo, “Uma história escrita pelo dedo de Deus”, já vendeu mais de 100 mil cópias, um recorde para o setor e o seu cachê atualmente, ultrapassa a cifra de R$ 50.000 por apresentação.

Crédito: Internet.
Além Thalles Roberto e Aline barros, existem outros grupos e cantores do mesmo seguimento, que têm aquecido as vendas do mundo gospel, como o conjunto Diante do Trono, que tem como líder Ana Paula Valadão; Renascer Praiser; Comunidade de Nilópoles; André Valadão; Bruna Carla; o raap Pregado Luo; Fernandinho; Cassiane; Eyshyla; Fernanda Brum, dentre outros. Conhecido no meio evangélico por suas letras que tem misto de protesto e fé, Pregador Luo explica o crescimento da música gospel no cenário nacional: “Em um determinado momento, a música evangélica foi direcionada somente para os evangélicos. Hoje, nós temos pessoas de diversas culturas, religiões, filosofias de vida diferentes, que são atraídas, por meio de nossas canções. Posso dizer que minha música atinge desde o presídio, até a universidade, passando por todas as classes sociais”, declara o raap.

Festival gospel

“Marcha para Jesus”, “S.O.S da vida gospel festival”, “Clama Bahia”, “Canta Salvador”, são apenas um dos vários encontros que priorizam a musica sacra. Desde 2011, é promovido por uma emissora de televisão, na cidade do Rio de Janeiro, o festival denominado de “Promesas”, onde particpam as principais estrelas do gospel nacional.

Crédito: Divulgação.

Todos esses grupos e cantores sintetizam a influência que a música gospel exerce na vida dos fiéis das igrejas neopentecostais. No entanto, a líder do ministério de louvor Diante do Trono, Ana Paula Valadão faz um alerta para os crentes de forma geral, pois para ela, o crescimento dos evangélicos e da música gospel no Brasil precisa ser olhada com bastante cuidado, para que a qualidade da mensagem não seja prejudicada: “Ao mesmo tempo em que vivemos dias de grandes oportunidades, eles também são dias perigosos. “É lindo vermos tantas pessoas cantando as nossas músicas e se convertendo a Jesus, mas existe o perigo de não amadurecerem na fé e viverem o Evangelho só na superficialidade”, afirma Ana Paula.

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